Juros futuros disparam após relatório de emprego nos EUA e incertezas sobre política monetária

Os juros futuros fecharam a sexta-feira em forte alta, disparando mais de 40 pontos-base a partir dos vértices intermediários, ainda sob o efeito do relatório de emprego norte-americano. A surpresa com o payroll e os ganhos salariais maiores do que o esperado reduziram as apostas de corte de juros nos Estados Unidos em setembro, fortalecendo a ideia de fim das quedas da Selic no Brasil.

No fechamento, as taxas dos contratos de Depósito Interfinanceiro (DI) para janeiro de 2025, 2026, 2027 e 2029 subiram significativamente. O mercado reagiu com movimentos de zeragem de posições vendidas, refletindo o susto com os dados do payroll de maio. A criação de postos de trabalho superou as expectativas, levando a uma mudança nas apostas de corte de juros nos EUA.

A economista-chefe da Veedha Investimentos, Camila Abdelmalack, destacou que a leitura do mercado é de juros elevados por um período prolongado nos EUA, o que afeta a curva doméstica. Além disso, a perda de valor do real em relação ao dólar e as questões fiscais no Brasil também influenciam a precificação da curva de juros.

O diretor de Política Monetária do Banco Central, Gabriel Galípolo, comentou que a postergação da expectativa de corte de juros nos EUA refletiu em uma elevação do juro terminal em países emergentes. Ele ressaltou a importância de manter a taxa de juros no patamar necessário para atingir a meta de inflação, mesmo diante de choques exógenos.

O mercado financeiro segue atento às movimentações nos Estados Unidos e no Brasil, com as expectativas de política monetária e fiscal influenciando as decisões dos investidores. A volatilidade nos juros futuros e no câmbio deve continuar, refletindo as incertezas econômicas globais e locais.