Polarização ideológica e sua influência na política externa brasileira – Jornal da USP

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Desafios e Continuidades na Política Externa Brasileira: Entre Lula e Bolsonaro

Pesquisadores analisam a polarização ideológica na política brasileira e seus impactos na política externa

Em um artigo recente, os pesquisadores Cesar Zucco e Timothy Power estimaram a ideologia dos partidos políticos e presidentes brasileiros desde a década de 1990 até os dias atuais. Suas conclusões apontam para um aumento significativo da polarização ideológica entre os partidos no Legislativo, presidentes mais distantes da ideologia mediana no Congresso e uma diminuição da ocupação do centro do espectro político.

Essa polarização ideológica tem gerado desafios para o presidencialismo de coalizão, especialmente no terceiro mandato de Lula. O Executivo enfrenta dificuldades para controlar o orçamento e avançar com sua agenda legislativa, tendo que lidar com altos custos políticos para manter uma coalizão majoritária no parlamento.

A troca recente de governo, que opôs as ideologias de centro-esquerda de Lula e extrema-direita de Bolsonaro, levanta questões sobre possíveis mudanças na política externa brasileira. No entanto, análises recentes mostram que, apesar das diferenças ideológicas, poucas mudanças significativas foram observadas em relação a temas como segurança internacional, relações comerciais, integração regional, e parcerias com outros países como os EUA, China e Venezuela.

A percepção geral é de que, apesar da crescente polarização ideológica no cenário político interno, a política externa brasileira tem se mantido relativamente estável, com poucas mudanças significativas. A dimensão ideológica esquerda-direita, tão presente em questões domésticas, parece ter menos impacto nas decisões relacionadas à política externa.

Em um mundo onde o Brasil ocupa um único lugar, tanto para a direita quanto para a esquerda, as divergências ideológicas internas parecem se diluir quando se trata de questões internacionais. A defesa do direito internacional, maior participação nas instituições internacionais e uma distribuição mais justa dos recursos parecem ser pontos de convergência entre os diferentes espectros ideológicos.

Assim, apesar da polarização intensa na política interna, a política externa brasileira parece encontrar um certo consenso, demonstrando que, no âmbito internacional, as diferenças ideológicas podem ser menos relevantes do que se imagina.

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