“Desistindo do campo: a triste realidade dos produtores rurais do RS após enchentes devastadoras”
A devastação causada pelas enchentes no Rio Grande do Sul em 2023 e 2024 levou muitos produtores rurais a abandonarem suas propriedades e buscarem uma nova vida na cidade. A combinação de estiagem em 2019 e 2020, seguida por enchentes, tornou inviável continuar trabalhando com a agropecuária, de acordo com relatos dos agricultores.
Os produtores entrevistados pelo g1 contam que já vinham sofrendo com a redução da produção devido às secas desde 2019. Em janeiro de 2020, 28 municípios decretaram emergência por causa da estiagem. Em 2023, as enchentes começaram a atingir as propriedades, primeiro em setembro, com a passagem de um ciclone extratropical, e depois em novembro, devido ao excesso de chuva acumulado em diversas bacias hidrográficas.
Os relatos dos agricultores são emocionantes. Telmo Hendges, por exemplo, viu sua propriedade ser completamente destruída pelas águas, perdendo seus animais e sofrendo prejuízos financeiros enormes. Apesar de receber um seguro, o valor foi muito inferior aos danos causados.
Jorge Hinning, por sua vez, enfrentou perdas consecutivas ao longo dos anos, com as enchentes de maio sendo o golpe final que o obrigou a desistir da lavoura. Agora, ele e sua família tentam sobreviver na cidade, trabalhando em diferentes áreas para pagar as dívidas.
Jonas Keisacamp, que sempre sonhou em passar a propriedade para seu filho, teve que vender seus animais e abandonar a lavoura após as enchentes de maio. Mesmo enfrentando dificuldades, ele não desiste e espera um dia poder recuperar o solo e voltar a plantar.
A situação dos produtores rurais no Rio Grande do Sul é um reflexo das mudanças climáticas e dos desafios enfrentados pela agricultura no Brasil. A falta de apoio e assistência do governo agrava ainda mais a situação, levando muitos trabalhadores do campo a abandonarem suas raízes e buscarem novas oportunidades na cidade.