Possível fraude à cota de gênero: 29,3% dos candidatos sem voto são mulheres pretas ou pardas
Candidatos sem voto nas eleições municipais levantam suspeitas de fraude à cota de gênero. De acordo com dados do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), 1.823 candidatos, entre homens e mulheres, não receberam nenhum voto no primeiro turno. Desses, 29,3% são mulheres pretas ou pardas, o que representa quase um terço do total.
A votação zerada, segundo o TSE, é um dos indicativos de possível fraude à cota de gênero, já que muitas candidaturas femininas ficam apenas no papel para cumprir a exigência de reserva de 30% de vagas para mulheres. Além disso, a falta de movimentação em contas bancárias ligadas à campanha também levanta suspeitas.
Os dados mostram que a participação de mulheres pretas e pardas nas candidaturas sem votos é desproporcional, representando 47,39% do total, mesmo sendo apenas 17,66% do número total de candidatos. Já os homens pretos e pardos foram 36,6% das candidaturas sem votos, em comparação com 33,9% do número total de candidatos.
Em relação à cor, a maioria das candidaturas sem votos é de pessoas autodeclaradas pardas, com 52,33% do total. A participação de pessoas negras (pretas + pardas) entre os candidatos sem votos é de 65,99%, enquanto na totalidade das candidaturas é de 51,62%.
Os estados com maior número de candidatos zerados foram Bahia, São Paulo, Minas Gerais, Maranhão, Pará, Amazonas e Rio de Janeiro. Em termos partidários, MDB, PSB, PRD, PT e AGIR foram os partidos com mais candidatos sem votos.
A situação levanta questionamentos sobre a transparência e a legitimidade do processo eleitoral, especialmente no que diz respeito à representatividade das mulheres e das pessoas negras na política. É fundamental que sejam investigadas possíveis irregularidades e que medidas sejam tomadas para garantir a lisura das eleições e a efetiva participação de todos os segmentos da sociedade.