Mulheres de moto: paixão pelas duas rodas enfrenta desafios de assédio e machismo, mas segue firme e forte
O número de mulheres donas de motos praticamente dobrou nos últimos 20 anos, de acordo com um levantamento feito pela Secretaria Nacional de Trânsito (Senatran). Apesar do crescimento, as mulheres ainda enfrentam problemas de assédio e machismo enquanto estão pilotando suas motos.
Em entrevistas, várias mulheres relataram situações de assédio, preconceito e agressividade no trânsito, vindos principalmente de homens. Bruna Baseggio, proprietária da Juma Entregas, contou que muitas vezes os clientes mandam mensagens com cantadas após serem atendidos pelas entregadoras.
Tatiana Moura, profissional de relações públicas, destacou que os homens costumam se exibir e agir de forma agressiva quando percebem que estão competindo com uma mulher na moto. Ela também relatou ter sido assediada em semáforos e vias de alta velocidade.
Daniela Karasawa, engenheira de dados e software, comentou que a competição de forças no trânsito é constante, especialmente em estradas com carros maiores e caminhões. Ela ressaltou a necessidade de ser “brava” e não “mansa” ao pilotar uma moto como forma de autodefesa.
Apesar dos desafios, as entrevistadas notaram um aumento no número de mulheres pilotando motos, especialmente no interior do país. A indústria também está atenta a essa tendência, com a Honda prevendo que 60% do público da scooter Elite 125 será composto por mulheres.
A Yamaha, por sua vez, lançou um programa de capacitação de mulheres para o mundo das duas rodas, focando na mecânica dos veículos. O Programa Mecânica Yamaha para Mulheres já teve mais de 800 participantes em todo o país.
O crescimento do número de mulheres donas de motos reflete mudanças sociais e culturais, com mais mulheres buscando autonomia e empoderamento através da pilotagem. Apesar dos desafios enfrentados, a paixão pelas duas rodas mantém viva a chama de pilotar para essas mulheres corajosas.