Conflitos e interesses na educação de Santa Catarina: o caso da escola sem partido
Dois episódios relacionados à educação em Santa Catarina ocuparam as redes sociais esta semana, expondo conflitos e interesses no estado que destinou quase 70% dos votos a Jair Bolsonaro nas eleições de 2022.
O primeiro episódio envolveu o uso de dependências de uma Igreja Universal para formar alunos do Programa Educacional de Resistência às Drogas e à Violência (Proerd) conduzido pela Polícia Militar em Florianópolis. A postagem da Polícia Militar no Instagram mostrava centenas de crianças enfileiradas nos bancos da igreja, celebrando a formatura de 1050 alunos do Proerd. O evento contou com a presença de autoridades locais, incluindo o prefeito e candidato à reeleição em Florianópolis, Topázio Neto (PSD).
O segundo episódio envolveu o afastamento de uma professora da rede estadual, Carolina Puerto, da Escola Estadual Simão José Hess, em Florianópolis. Carolina foi afastada após um áudio gravado sem seu consentimento durante uma aula em que abordava o tema das fake news no contexto da crise climática do Rio Grande do Sul. A Secretaria de Educação abriu um Processo Administrativo Disciplinar por “militância” contra a professora.
Esses episódios levantaram questionamentos sobre a laicidade do Estado, o papel da educação na formação dos estudantes e a liberdade de expressão dos professores. Enquanto a Polícia Militar defendeu a utilização do espaço da igreja por questões financeiras, a professora Carolina Puerto recebeu apoio de colegas e do Coletivo Juntas em SC, que destacaram a importância da orientação à veracidade das informações no contexto educacional.
Esses acontecimentos refletem um cenário de conflitos e desafios na educação em Santa Catarina, onde a valorização dos professores e a garantia da liberdade de ensino são temas em destaque. A sociedade civil e as autoridades locais estão atentas a essas questões, buscando promover um ambiente educacional mais inclusivo, crítico e democrático.